sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Tecnologia x Tecnologia

Todos sabem que o conceito de racismo é uma das questões mais delicadas dos Estados Unidos. Num momento peculiar em que ainda se comemora o fato de um negro estar na Presidência do país, um americano balança as estruturas de uma mega empresa acusando-a de preconceito racial.

Desi Cryer adquiriu um Mediasmart, último modelo de notebook lançado – com grande alarde, por sinal - pela HP. A novidade tecnológica do laptop era uma webcam capaz de acompanhar sozinha os movimentos de quem fosse filmado. No entanto, ao testar o aparelho, Desi descobriu que o artifício simplesmente não funciona com ele, que é negro. Porém, funciona perfeitamente com a sua amiga Wendy Zaeman, de pele branca. Ao invés de unir grupos de protesto ou acionar a Justiça – costumes bastante característico dos norte-americanos – Desi resolveu fazer um vídeo caseiro demonstrando a falha do computador. Apesar do vídeo estar postado na categoria “humor” do Youtube, muita gente levou a situação a sério. E isso inclui a HP.

Em poucos dias, o filme de Desi atingiu mais de 2 milhões de acessos. Como resposta, a HP não convocou coletiva de imprensa, nem publicou releases em jornais de grande circulação. A opção feita foi usar o mesmo meio para a defesa, ou seja, a internet. A empresa publicou uma carta em seu blog dizendo que a iluminação do ambiente era insuficiente e, portanto, não havia um mínimo de contraste para que o software funcionasse. Mesmo assim, a HP reconhece a falha, pede desculpas e se compromete a reparar o erro.

As opiniões se dividem e a polêmica ainda cresce. Falha tecnológica, iluminação insuficiente ou racismo descabido? Enquanto os internautas discutem num verdadeiro júri popular virtual, o único veredicto que temos é que a internet surpreende todos os dias com o poder entregue nas mãos do consumidor. Discussões em tribunais se tornaram obsoletas. O efeito do boca-a-boca está ficando cada vez mais devastador, obrigando as empresas a entrarem nos moldes do mais puro perfeccionismo, em se tratando tanto de tecnologia quanto de respeito aos clientes. E quem não aceitar o desafio, já está condenado ao fracasso no mercado.

por Deborah Fernandes - Redatora da br4|marketing